Tuesday, March 07, 2006

AS TAXAS INIBIDORAS

O governo acaba de anunciar aumentos de 23% das taxas moderadoras a pagar pelo cidadão que uso os serviços de saúde públicos.
Dizem eles que o objectivo é diminuir as cercas de 40% de urgências falsas que existem nos hospitais e centros de saúde portugueses que têm este serviço.
Dizem ainda que não visam financiar o SNS com estas taxas porque tal configura apenas 0,6% do orçamento do SNS, pelo que estas taxas não violam a constituição.
Ora sucede que o governo encara o problema do lado errado da questão.
O problema que tem que ser resolvido não é haver urgências falsas, o problema que tem que ser resolvido é porque é que as pessoas recorrem às urgências com assuntos que não lhes cabem. Ora a evidencia é a de que os centros de saúde não funcionam. As pessoas vão para a porta dos mesmos às 6 da manhã, para desesperarem por uma consulta que pode não chegar, e ela não chega muitas vezes porque os médicos dos centros de saúde têm a distinta desfaçatez de dizer que só dão n consultas por dia. A mim já me foi dito que o médico X só dá 8 consultas por dia. Obviamente só dá estas 8 consultas e não é por dia, é por tarde, porque o resto do dia dá consultas no seu consultório privado, onde atende quantas pessoas forem preciso até às horas que for necessário.
Enquanto esta promiscuidade não acabar, enquanto não obrigarem os médicos a estar oito horas no centros de saúde, a dar tantas consultas quantas for possível, as pessoas vão continuar a ir às urgências porque um problema de centro de saúde passa a urgente se se tiver que esperar semanas por uma consulta.
Este problema não é atacado porque o governo não quer atacar os médicos, preferindo onerar o cidadão, não resolvendo o problema onde ele surge e levando a que os cidadãos, para não pagarem as taxas fiquem sem consulta porque nos centros de saúde não a têm.
Mais uma vez paga o Zé-povinho, o elo mais fraco, deixando a corporação beneficiária deste status quo intacta.
Este é mais um sinal de comprometimento do governo com as grandes corporações, os lobbys poderosos, mostrando assim também uma absoluta insensibilidade pelo drama social vivido pelos portugueses, que enfrentam o desemprego mais alto dos últimos anos e a crise instalada no país.

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