Friday, March 24, 2006

AFINAL TODA A VERDADE PODE NÃO SER VERDADE NENHUMA

O HOSPITAL DE SEIA MAIS UMA VEZ

Meu caro Luís (Oceano das Palavras)

Em primeiro lugar, para discutirmos o teu texto sobre o Hospital de Seia, teríamos de ter a certeza de que os pressupostos de que partes são os verdadeiros e que tiveste acesso a toda a informação.
Quanto a este ponto um reparo: eu não acho que tanto a Câmara como o Hospital tenham divulgado tudo quanto sabem sobre a matéria, sendo certo que é, até certo ponto, legítimo não contar tudo, se essa reserva se destinar apenas a obter ganhos.
Assim, não é pelo Hospital dizer que vamos ganhar que todos temos que concordar, sem antes reflectir, se aquilo que nos é dito faz sentido.

Perguntas para reflexão:


1 - Se nós ganhámos MUITAS VALÊNCIAS novas em face das reivindicações de um CA sito no Hospital de Seia, será bom perdemos esse CA?
2 – Se foi possível aumentar o orçamento do Hospital de Seia de 5 milhões de euros para mais de nove milhões de euros, em face das reivindicações de um CA sito no Hospital de Seia, será bom perdemos esse CA?
3 - Se nós ganhámos MUITAS VALÊNCIAS novas, que nos permitem o acesso a elas aqui, ao lado de casa, fará sentido aceitar o acordo do CHV perdendo um bom número delas, deixando de as ter aqui ao lado, para as termos em Viseu?
4 – Pode racionalmente justificar-se que construa um novo edifício do Hospital com duas salas, uma de pequena cirurgia e outra de grande cirurgia, se em Seia só se vão realizar pequenas cirurgias?
5 – Alguém é capaz de provar que por o Hospital estar na fase em que está que irá ser construído?

Estas perguntas não tiveram qualquer resposta no teu texto, nem no da Câmara, nem na entrevista do Presidente do CA do Hospital nem no comunicado do PS.
Contudo, elas são deveras importantes para percebermos não só o que vai ser o novo edifício, mas também o que vai funcionar nele, pois de pouco serve um novo e faustoso edifício do hospital, se nele não funcionar tudo o que estava projectado e incluído no programa funcional.
Aliás, basta uma nota para afirmar a incerteza: diz o PE Online
“O presidente do conselho de administração «não crê» que o Programa Funcional aprovado pelo Ministério da Saúde aquando da elaboração do projecto para a construção do novo edifício venha a ser alterado.”
Ora digo eu, quem não CRÊ, é quem não acredita, mas não garante, com firmeza e certeza absolutas, e este é um dos sinais da incerteza.


Em segundo lugar, os factos que relatas não asseguram nada.
Basta ver o exemplo do Hospital de Lamego que, estando já adjudicado, foi cancelado.
A fase da adjudicação é a final do concurso, restando apenas, a seguir, a da assinatura do contrato, caso nenhum dos concorrentes impugne judicialmente essa adjudicação e não interponha nenhuma providencia cautelar, caso contrário o processo pode arrastar-se anos nos tribunais sem se construir nada.
Ora em Lamego estava muito mais avançado que o do Hospital de Seia e foi tudo por água abaixo.
Sendo assim, só dará para ficar descansado quando as máquinas começarem o trabalho
.
Quanto ao mais, quem tem o dever de informar, com frequência e clareza, é a Câmara e o Hospital, pois eles é que estão no centro do processo do mesmo.
Aliás, se perguntares aos funcionários do hospital o que é que o Conselho de Administração lhes garantiu que de certeza ficava em Seia, eles irão responder-te e verás que, afinal, até eles (CA) não sabem ao certo as consequências da reestruturação.
A transparência é essencial e quem de direito não deu nenhuma informação antes de começar o reacender da discussão, pelo que a mesma teve algum mérito, quanto mais não seja, o de demonstrar que a sociedade está atenta ao evoluir do processo.

Por fim, afirmo apenas que vou esperar para ver, e esperar que as perguntas que fiz obtenham respostas convincentes.

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