Thursday, February 09, 2006

WHAT IF...

E se os ocidentais de repente se revoltassem contra o Islão. Bastava, para isso, que dissessem o seguinte:
“Ofende os meus princípios e a minha religião que a mulher seja discriminada no Islão” Ora como eles o fazem e não me respeitem, vou queimar umas bandeiras da síria e do Irão.
“Ofende os meus princípios e a minha religião que os muçulmanos sejam poligâmicos, porque na minha religião é obrigatório ser-se fiel e ter só um cônjuge” Ora, como eles o fazem e não me respeitam, vou organizar uma turba de pessoas desvairadas e revoltar-me contra embaixadas de países islâmicos, queimando pneus, partindo vidros, invadindo as mesmas e matando uma pessoas na confusão, seja por agressão seja por esmagamento.
“Ofende os meus princípios e a minha religião que os muçulmanos proíbam as bebidas alcoólicas, porque no catolicismo românico bebe-se vinho nas missas, como representação do sangue de Cristo”. Ora como eles o fazem e não me respeitam, vou lançar um apelo internacional para que se apedrejem todas as pessoas que impeçam alguém de beber vinho tinto.

And so on, and so on, and so on…

O que seria do mundo se nós, ocidentais, reagíssemos a algo contrário ao que nós pensamos, apenas por ser contrário, como reagem os muçulmanos, por levarem essa diferença como ofensa? Qual seria o caminho do mundo? Seria o da sua destruição no imediato? Ou a cruzada (voltamos uns séculos atrás) de uma religião sobre a outra? Ou a cruzada de uma forma de vida sobre outra?

Pacheco Pereira, no Público de hoje, coloca a questão em termos que concordo e que, em parte, já abordei num post anterior. O que se discute aqui, não é uma religião contra a outra, é uma forma de vida que não tolera a democracia a tentar, pela violência e intimidação, impor essa forma de vida a outra, que preza, acima de tudo, a liberdade. E o que assistimos nos dias de hoje, é uma reacção medrosa desta nossa cultura, uma reacção cobarde, de quem tem medo.
O fundamentalismo é como os cães: se lhes mostrares coragem e determinação, eles recuam, se mostrares medo, eles sentem o cheiro e atacam impiedosamente.
Lamento que o ministro dos negócios estrangeiros deste cantinho à beira mar plantado tenha mostrado medo, e que não seja o único, neste nosso, ainda livre, ocidente.

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