Monday, February 27, 2006

CARNA QUÊ?

Considero o Carnaval em desfiles alegóricos que se faz em Portugal uma verdadeira parvoíce. Portugal não tem tradições de trios eléctricos, nem de desfiles carnavalescos, tem sim tradições de Entrudo. Que se organizem festas de Carnaval, com máscaras, em que cada um se liberta da máscara que usa o ano inteiro, conseguindo aí, uma única vez no ano ser aquilo que realmente é, sem os disfarces do dia a dia, é uma coisa e acho muito bem. Agora, imitações baratas do Carnaval brasileiro, contratando artistas brasileiros para reis do Carnaval, consoante o novela da moda, com pessoas a tiritar de frio com as roupas parcas em tecido, ou mais bonito ainda, com t-shirts por baixo, fugindo da chuva que muitas vezes cai nesta altura do ano é, no mínimo, ridículo, para ser o mais simpático possível.

Como diz e bem o Terras da Beira, do “verdadeiro Entrudo português, caceteiro, ofensivo e muito avinhado, pouco resta. Foi substituído pelo ritmo frenético dos sambas e pelo manear de ancas de baianas, que se fazem estrelas pelos carnavais do mundo”

Este Entrudo, genuíno, está quase morto, sendo ainda cultivado em algumas aldeias de Portugal, enquanto não forem engolidos pelo frenético Carnaval do Brasil. Não tenho nada contra o Carnaval do Brasil, mas é no Brasil, na Bahía, onde é genuíno, muito mais que no Rio de Janeiro, que ele deve ser desfrutado, sob o intenso calor que agora se faz sentir e que justifica todo aquele frenesi de samba, porque as pessoas pela dança libertam as tensões acumuladas e libertam toda a energia que têm causada por aquele imenso calor que queima o sangue e só arrefece com o cansaço total de horas, dias, a sambar.

Cada coisa no seu lugar. Prezo o Carnaval de Veneza, porque típico, preservando tradições, e bem assim, devíamos preservar o Nosso Entrudo, como em PODENCE, com os caretos, figuras típicas e com história, que é nossa. Cada macaco no seu galho, para usar uma expressão deles, mas que aqui faz todo o sentido.

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