Monday, January 30, 2006

ESTAÇÃO DO ORIENTE - A DEMOCRACIA DO HAMAS

A realidade histórica permite-nos inúmeras vezes questionar a verdadeira essência das palavras. Por isso quando alguns, mesmos perto de nós, enchem a boca para dizer que ganharam e que a democracia funciona e é perfeita e que o povo sabe o que quer, e que como têm maioria eles é que mandam (e não o povo!!!), eu apenas sorrio com tamanha falta de conhecimento demonstrada, provando assim que não sabem mesmo o que é a democracia.
Olhando para a história vemos vários líderes mundiais eleitos e nem por isso aceites pela comunidade internacional.
Hitler foi eleito quando chegou ao poder na Alemanha, chegou ao poder pela democracia e usou o sistema para obter os seus intuitos, o da supremacia da raça ariana e o aniquilamento dos Judeus.
Também Mussolini chegou ao poder com um massivo apoio popular, com o povo a aclamar o líder, líder esse que também usou a democracia para atingir objectivos ínvios.
Fidel Castro, ao que se consegue saber, se fosse a votos, ganharia democraticamente, sempre se sabendo que é um tirano, que massacra e persegue os opositores, cujo fim muitas vezes se desconhece, atenta a face fechada do regime, com exclusão da vertente turística.
O Hamas, grupo terrorista, assim designado pelas democracias ocidentais, ganhou, democraticamente, as eleições na Palestina. Contudo, também o Hamas, grupo com princípios pouco democráticos, usou o sistema para o dominar, mas não para a ele se subjugar. O Hamas não pretende deixar a luta armada, não se predispõe ao diálogo com Israel, e não desiste do objectivo inscrito na sua constituição de destruir o Estado de Israel, o mesmo é dizer, destruir os Judeus, tal como Hitler.
Por isso é que eu digo, a democracia só pode valer e funcionar se quem nela vive se reger pelos princípios democráticos, se reger pela paz, pelo respeito do próximo, pelo respeito pelos direitos humanos, pela liberdade, pelo diálogo. As democracias, no geral (não todas e não sobre todos os items), respeitam estes princípios e por isso são aceites, umas pelas outras.
Agora a questão que releva é: pode a comunidade internacional aceitar um regime que tem com postulado máximo a destruição de um povo? Aceitará a mesma, ao abrigo do respeito pela democracia, um regime, tal como aceitou do de Hitler, sofrendo, à posterioi as consequências de tais actos. Poderá a comunidade internacional esperar que estale um conflito bélico entre Irão, Síria e Palestina contra Israel, no ponto nevrálgico muçulmano do mundo, com hipóteses de tal guerra poder degenerar na verdadeira 3ª Guerra Mundial, apenas porque o regime foi eleito democraticamente?
Para mim, a democracia não é perfeita, mas é o melhor regime que temos. Contudo, o conteúdo da palavra democracia não se circunscreve às eleições livres, para depois se esquecerem essas mesmas eleições com actos de autoritarismo, prepotência, e violência contra pessoas, desrespeitando os direitos humanos e o direito de autodeterminação de um povo. Para mim, democracia é também a forma como se vive nos intervalos das eleições, a forma como se respeitam os adversários, a forma como se respeitam as pessoas, os vizinhos, os princípios que norteiam os grupos políticos ou de cidadãos. Por tudo isso é que, na Palestina, não houve democracia, houve apenas eleições democráticas, e isso não basta que se reconhecer que a democracia vingou.

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